NUDISMO

A Federação Internacional de Naturismo – INF fundada em 1953 em Montalivet, França adotou a seguinte definição para o Naturismo: “É um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática do nudismo em grupo, que tem por intenção favorecer o auto-respeito, o respeito pelo outro e o cuidado com o meio ambiente”.

Naturismo é muito mais abrangente do que o simples fato de praticar o nudismo, é um conjunto de princípios éticos e comportamentais voltados a natureza, com a finalidade de estabelecer um modo de vida saudável fisicamente e mentalmente agregado à conservação do meio ambiente, assim sendo, a prática nudista, principal fundamento doutrinário do naturismo, deve servir de base para uma melhor qualidade de vida e educação, inclusive de jovens e crianças.

A prática do naturismo faz com que cada pessoa viva da forma mais natural e espontânea possível, sem as características padronizadas que movem a maioria da sociedade. O naturismo não prega modismos, hábitos ou ideologias, apenas o direito a liberdade de expressão e pensamento dos seus praticantes.

Fonte:
Federação Brasileira da Naturismo – FBrN – www.fbrn.com.br

HISTÓRIA DO NATURISMO

A nudez está inserida no contexto histórico da humanidade e era vista e tratada com naturalidade. É possível reconhecer a nudez em diversas passagens históricas. Um bom exemplo disso é a Bíblia Sagrada que descreve: “Adão e Eva viviam no paraíso: e ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gênesis 2,25).

Na Grécia Antiga, no século VIII a.C., os esportes eram praticados por homens despidos; e durante o Império Romano, dos séculos II ao IV, todos juntos, sem distinção de sexo ou classe social, se banhavam nus, nas termas públicas. No período do Renascimento há presença de corpos nus na pintura, na escultura e nos milhares e belíssimos afrescos das paredes das igrejas. Tudo era muito natural.

Na arte, a nudez sempre esteve presente como representação de força, liberdade, poesia, sensualidade, maternidade e expressão, não somente carnal, mas espiritual do ser humano. Ao longo do tempo, o conceito de nudez foi transformado e passou a se relacionar com a vergonha, com o pudor e com o tabu.

É possível encontrar relatos de práticas de nudismo até meados do século XVI. Mas com a crescente influência das religiões cristãs, a nudez foi condenada e excluída da sociedade, ganhando assim conotações que a diferem do natural e sendo relacionada à malícia e perversão.

O culto à nudez como filosofia de vida relacionada ao naturismo começou na Alemanha, e foi esta iniciativa que pavimentou o caminho para os milhões que praticam o nudismo hoje em vários continentes como o Europeu, Americano, Asiático… A Alemanha permanece como a força motriz na base do movimento e tem milhares de praticantes ativos, estando entre os países que mais praticam a filosofia no mundo. Acredita-se que no início do século XX surgiu o naturismo moderno. Em 1903, o alemão Richard Ungewitter publicou o livro “Da Nudez”, sendo o primeiro autor a escrever sobre os fundamentos do movimento naturista.

Em Berlim, na Alemanha, Adolf Koch, um professor que lecionava em um bairro operário iniciou com seus alunos a prática de exercícios físicos ao ar livre e completamente nus, com a finalidade de promover melhorarias a saúde. Notou-se que os alunos ficaram mais corados, saudáveis e alegres. Satisfeitos, os pais se entusiasmaram e também adotaram a prática. O movimento, chamado inicialmente de Nudismo, foi crescendo e recebeu o nome de Frei Körper Kultur – FKK, que significa Culto ao Corpo Livre. O nome Naturismo só aparece a partir da década de 50.

Em 1906, surge na Alemanha o primeiro campo oficial para a prática: além de praticarem exercícios físicos despidos, a alimentação se baseava no vegetarianismo. Nos anos seguintes, o movimento começa a se espalhar pela Europa, conquistando inúmeros adeptos. Neste período destaca-se a Ilha do Levante, na França, fundada em 1926 pelos médicos e irmãos Duvalier, onde praticavam a helioterapia (tratamento das doenças pela luz do sol) como método de cura.

Foi após a Segunda Guerra Mundial que o naturismo começa a ser difundido também nos Estados Unidos e se propaga, com adeptos por todo mundo. Com a expansão da prática, em 1953, em Montalivet na França, foi fundada a Federação Internacional de Naturismo – INF com o intuito de defender os interesses dos que praticam essa filosofia de vida.

Atualmente, a França é o país onde o naturismo é mais difundido. Tem cerca de 150 praias, 320 clubes, várias revistas e publicações sobre o assunto e estima-se que existam 10 milhões de naturistas franceses.

Fonte:
PEREIRA, Paulo. Corpos nus: o testemunho naturista.
2.ed. Rio de Janeiro: Leymare 2000.

ROSSI, Celso. Naturismo: a redescoberta do homem.
2.ed. Porto Alegre: Magister, 2007.

NATURISMO NO BRASIL

Até o ano de 1500, o Brasil era habitado por naturistas. Tanto no aspecto do meio de vida ecologicamente correto, quanto na sua atitude natural perante a nudez. O naturismo aconteceu antes mesmo do descobrimento, pois o País já era habitado por índios que andavam nus e não se envergonhavam dos seus corpos, pois estes eram irrelevantes quando se olhava para o interior das pessoas, respeitavam a natureza e usufruíam da qualidade de vida que esta lhes proporcionava.

Os colonizadores portugueses e a igreja não respeitaram o modo de vida, a cultura e o idioma desses povos indígenas. Os vestiram e catequizaram, acabando por descaracterizar e influenciar a herança cultural dos brasileiros. Até 1945 o governo brasileiro promovia esta “civilização” dos indígenas. Poucas tribos conseguiram conservar sua cultura ou parte dela.

Quando se fala do início do naturismo no Brasil, destaca-se como percursora do idealismo naturista a bailarina capixaba Dora Vivacqua, mais conhecida por seu nome artístico Luz Del Fuego, que era uma mulher à frente de seu tempo, que não se ajustava a nenhum padrão e não permitia que ninguém interferisse na sua vida.

Lutava para ser autêntica, amava os animais, a natureza e andar nua, dizendo viver despida de preconceitos e ilusões e à luz da verdade. Mesmo incompreendida, não deixou de lutar por seus ideais. Assim, liderou o movimento naturista no Brasil.

Com o final da Segunda Guerra Mundial, surgiram vários partidos políticos, entre eles o “Partido Naturista Brasileiro”, criado em 1949, por Luz Del Fuego. O principal intuito do partido era fomentar seus ideais nudistas. Nesta mesma época ela também criou um clube naturista que chamou de Ilha do Sol, no estado do Rio de Janeiro, e chegou a ter aproximadamente duzentos sócios de várias partes do mundo. Na ilha, a nudez era obrigatória, sendo realizadas atividades saudáveis como caminhadas, natação e banhos de sol, o local chegou a ser visitado por celebridades nacionais e internacionais.

Em 1954, Luz Del Fuego criou também no Rio de Janeiro o “Clube Naturista Brasileiro”, que tinha por finalidade estimular a prática do naturismo sob rígidos princípios morais e de higiene. A FNI reconheceu oficialmente o grupo naturista brasileiro em 1965, quando publicou no seu guia anual uma nota sobre a “Fraternidade Naturista Internacional do Brasil – FNIB”, o primeiro nome da Federação Brasileira de Naturismo.

Quando os militares assumiram o poder do país, em 1964, foi criado um governo de extrema direita, com total proibição de direitos públicos. Todos os partidos políticos foram considerados ilegais e as reuniões públicas eram controladas pelo exército. O Clube Naturista Brasileiro continuou a existir, mas a repressão afugentou seus freqüentadores. Com o passar dos anos, o grupo que freqüentava a Ilha do Sol foi se dispersando e poucos visitantes apareciam. A idade foi avançando e Luz passou por diversas dificuldades, e em 1967, morreu assassinada juntamente com o caseiro Edgar.

Com a morte de Luz Del Fuego e a dura repressão da ditadura militar, o movimento naturista foi perdendo a sua força. Alguns poucos praticavam o nudismo em suas casas e propriedades particulares e outros se reuniam às escondidas durante os anos 70 em praias como Abricó e Olho de Boi, no Rio de Janeiro, e Ubatuba, em São Paulo. No início dos anos 80 surgem os primeiros indícios da prática na Praia do Pinho, em Santa Catarina.

Nesta época a filosofia recebeu grande destaque da mídia e tornou-se conhecida por milhares de brasileiros. Hoje, fortemente difundido, o naturismo possui mais de 30 entidades afiliadas a FBrN – Federação Brasileira de Naturismo e já é caracterizado como um movimento maduro e com grande potencial de crescimento.

Fonte:
PEREIRA, Paulo. Corpos nus: o testemunho naturista.
2.ed. Rio de Janeiro: Leymare 2000.

ROSSI, Celso. Naturismo: a redescoberta do homem.
2.ed. Porto Alegre: Magister, 2007.