HISTÓRIA DO NATURISMO

A nudez está inserida no contexto histórico da humanidade e era vista e tratada com naturalidade. É possível reconhecer a nudez em diversas passagens históricas. Um bom exemplo disso é a Bíblia Sagrada que descreve: “Adão e Eva viviam no paraíso: e ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gênesis 2,25).

Na Grécia Antiga, no século VIII a.C., os esportes eram praticados por homens despidos; e durante o Império Romano, dos séculos II ao IV, todos juntos, sem distinção de sexo ou classe social, se banhavam nus, nas termas públicas. No período do Renascimento há presença de corpos nus na pintura, na escultura e nos milhares e belíssimos afrescos das paredes das igrejas. Tudo era muito natural.

Na arte, a nudez sempre esteve presente como representação de força, liberdade, poesia, sensualidade, maternidade e expressão, não somente carnal, mas espiritual do ser humano. Ao longo do tempo, o conceito de nudez foi transformado e passou a se relacionar com a vergonha, com o pudor e com o tabu.

É possível encontrar relatos de práticas de nudismo até meados do século XVI. Mas com a crescente influência das religiões cristãs, a nudez foi condenada e excluída da sociedade, ganhando assim conotações que a diferem do natural e sendo relacionada à malícia e perversão.

O culto à nudez como filosofia de vida relacionada ao naturismo começou na Alemanha, e foi esta iniciativa que pavimentou o caminho para os milhões que praticam o nudismo hoje em vários continentes como o Europeu, Americano, Asiático… A Alemanha permanece como a força motriz na base do movimento e tem milhares de praticantes ativos, estando entre os países que mais praticam a filosofia no mundo. Acredita-se que no início do século XX surgiu o naturismo moderno. Em 1903, o alemão Richard Ungewitter publicou o livro “Da Nudez”, sendo o primeiro autor a escrever sobre os fundamentos do movimento naturista.

Em Berlim, na Alemanha, Adolf Koch, um professor que lecionava em um bairro operário iniciou com seus alunos a prática de exercícios físicos ao ar livre e completamente nus, com a finalidade de promover melhorarias a saúde. Notou-se que os alunos ficaram mais corados, saudáveis e alegres. Satisfeitos, os pais se entusiasmaram e também adotaram a prática. O movimento, chamado inicialmente de Nudismo, foi crescendo e recebeu o nome de Frei Körper Kultur – FKK, que significa Culto ao Corpo Livre. O nome Naturismo só aparece a partir da década de 50.

Em 1906, surge na Alemanha o primeiro campo oficial para a prática: além de praticarem exercícios físicos despidos, a alimentação se baseava no vegetarianismo. Nos anos seguintes, o movimento começa a se espalhar pela Europa, conquistando inúmeros adeptos. Neste período destaca-se a Ilha do Levante, na França, fundada em 1926 pelos médicos e irmãos Duvalier, onde praticavam a helioterapia (tratamento das doenças pela luz do sol) como método de cura.

Foi após a Segunda Guerra Mundial que o naturismo começa a ser difundido também nos Estados Unidos e se propaga, com adeptos por todo mundo. Com a expansão da prática, em 1953, em Montalivet na França, foi fundada a Federação Internacional de Naturismo – INF com o intuito de defender os interesses dos que praticam essa filosofia de vida.

Atualmente, a França é o país onde o naturismo é mais difundido. Tem cerca de 150 praias, 320 clubes, várias revistas e publicações sobre o assunto e estima-se que existam 10 milhões de naturistas franceses.

Fonte:
PEREIRA, Paulo. Corpos nus: o testemunho naturista.
2.ed. Rio de Janeiro: Leymare 2000.

ROSSI, Celso. Naturismo: a redescoberta do homem.
2.ed. Porto Alegre: Magister, 2007.